No Dia Internacional da Mulher, a edição especial da newsletter Pente Fino traz entrevistas com mulheres gaúchas que, de alguma forma, ajudam a transformar a realidade feminina. O informativo traz também o artigo Mulher e Seda, de Marcos Rolim.
Mulher e Seda
Há algo em cada mulher que se tateia como se tocássemos seda. Não me refiro ao que há de frívolo ou comum na expressão "como seda", mas a algo mais radical que se tateia porque não se sabe e fascina; que é seda porque especiaria, porque de procedência outra e mistério. Há algo em cada mulher, ou melhor na atmosfera que envolve cada mulher, que transforma as coisas e as faz mais interessantes.
Em torno de cada mulher há um silêncio; levíssima ausência que sentimos na espinha. A atmosfera em torno de cada mulher recolhe todas as palavras e, algumas vezes nos leva também o ar. Diante de certas mulheres, há paisagens inteiras. Há mulheres líquidas que olham como se derramasse o oceano sobre nós e, outras, diante das quais pressentimos intimidade sombria com rumor de águas fundas. Há mulheres de doçura múltipla e de uma urgência que alimenta as outras que, quando se as vê, prenuncia-se tormenta. Há mulheres febris e mulheres simétricas. As que emergiram de uma tela e as que saíram de uma fruta. Há mulheres que flutuam, que deslocam-se como um conceito. Algumas ventam e tanto que nos sopram num canto; outras são de lua e nos beijam na rua. E há aquelas que perdemos; as que não veremos nunca mais. Mulheres que nos invadem ainda , às vezes como punhais.
Há algo em cada mulher que se tateia como se tocássemos seda. No sentido também de como deve ser sensível o nosso toque. Que ele não fira. Que não tergiverse e não desvie. Que seja simples e inteiro sempre. Que, sobretudo, nosso toque seja tão somente um jeito de realçar o que faz da seda feminina. O que nos encanta, além da palavra, o que desconserta, neste ser que ilumina.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário